quarta-feira, 9 de julho de 2008

Inocência

Quando era criança sentia-me tão feliz. Tinha as minhas próprias brincadeiras, as minhas próprias distracções, as minhas próprias ilusões, os meus " mini " sonhos que me pareciam gigantes, tinha o meu próprio mundo.
Comentava para mim mesma como era possível crescer de uma maneira tão grande e ter uma vida tão ocupada, porque nem eu mesma sabia o que era isso. Eu decidia o que iria fazer, o que iria brincar, quem era a minha melhor amiga e porquê. Nada obdecia a regras, nada seguia um ritmo. Limitava-me a ser ... criança.
Hoje acordei com uma enorme vontade de o voltar a ser, pois acredito que todas as pessoas (quando querem) têm um espírito infantil dentro delas, criando o seu próprio mundo, as suas próprias fantasias, os seus próprios medos, as suas brincadeiras, nunca esquecendo a enorme ingenuidade; inocência que existe como base em tudo isso.
Se quisermos esquecer os nossos problemas e as nossas chatices por algum tempo será que somos acusados de sermos irresponsáveis? Acusados de estarmos a ser infantis?
Olhei para os meus diários, quando tinha menos de 10 anos e a verdade é que tinha uma vida tão vazia de preocupações e chatices. Como disse ...era feliz a minha maneira, no meu mundo de criança!!!
A chamada Santa Inocência é admirada por nós adultos, ao olharmos para as crianças que são tão verdadeiras e puras.
Para nós, a sabedoria parece que se tornou como um modelo supremo. Um modelo moderno.
Tornou-se uma espécie de obrigação sermos Conscientes de tudo e mais alguma coisa. E desta forma, até que ponto não nos podemos tornar tão frios com essa consciência toda que nos ocupa de tal forma, que nem tempo temos para criar o nosso próprio mundo ?
Se pararmos um bocadinho, e pensarmos que também podemos ser "inocentes" por um tempo e criarmos a nossa breve inocência, não podemos ser também felizes?
Querer é poder. A energia que circula em todo o nosso corpo ajuda-nos.
Olhando numa óptica de chackras, o primeiro chackra está situado abaixo do osso sacro no qual reside a Kundalini, e o seu principal aspecto é a inocência.
A inocência é a qualidade através da qual nós experimentamos a alegria pura da criança, sem as limitações de preconceitos ou condicionamentos.
A inocência dá-nos dignidade, equilíbrio e um tremendo senso de direcção e propósito de vida. Nada mais é do que simplicidade, pureza...
É a sabedoria interior que está sempre presente nas crianças, e que fica, algumas vezes, oculta devido aos nossos modernos estilos de vida.

É, porém, uma qualidade que existe eternamente dentro de nós e não pode ser destruída, aguardando manifestar-se como puro regozijo quando a Kundalini se eleva.
A inocência faz de nós seres Humanos, simples e naturais. Está dentro de nós.
O sorriso de uma criança, é um sorriso inocente, mas acima de tudo, verdadeiro!!!

Quando era criança, e não conseguia adormecer... tinha na minha cabeça a Biblioteca dos Sonhos. Imaginava uma sala grande cheia de imagens em que cada uma representava um sonho e então escolhia uma imagem e fixava - me fortemente nela!! Como eu era inocente...

Tenho saudades desses tempos. Mas quem me disse que hoje, que senti que queria ser criança, não poderei vir a fazer aquilo que fazia quando era inocente ? Admiro-me se o conseguir!

"Há uma inocência na admiração: é a daquele a quem ainda não passou pela cabeça que também ele poderia um dia ser admirado." - Friedrich Nietzsche

2 comentários:

AndreT disse...

Claro que podes ser criança sempre que quiseres :) . Fazer caretas quando tiras fotografias, fazer cocegas a outra pessoa até te fartares ou ler um livro da Mônica até rebentares de tanto rir ou então ver o Bob Esponja e atrufiar até mais não :P , Por vezes é bom sair do mundo real, esqueçer todos os medos e por para trás das costas por breves instantes todas as preocupações. Lá porque agora somos adultos e responsáveis não significa que não podemos voltar ao tempo onde os nossos sonhos e ambições pareciam mais simples, mais fáceis e mais acessiveis. Mas tal como o Duque François de La Rochefoucauld disse um dia ainda no séc. XVII - "Falta muito para que a inocência tenha tanta protecção como o crime". Hoje encontramo-nos no séc. XXI e nada disso ainda mudou. Mas não é isso que nos impede de o sermos pois não? ;) Bom trabalho! Beijos grandes!

psipaula3 disse...

Nunca ouviste dizer, que todos temos para sempre uma criança em nós? Quando isso desaparecer é mau sinal, temos que ter sempre essa criança que há em nós, bem Presente, é saudável.
Beijinhos
Paula