domingo, 21 de setembro de 2008

Participar precisa-se !

O conceito de participação tem vindo a ganhar cada vez mais importância nos dias que correm. Mas desde sempre que se ouviu falar na imensa força que este conceito traz consigo, seja em que âmbito fôr.
Olhando em particular para as necessidades das crianças e jovens, muitas vezes não reconhecemos quais os desejos destes. Temos a tendência de acreditar que aquilo que eles precisam ou querem é aquilo que nós já desejámos ou já quisemos ou mesmo que ainda queremos. Pensamos, por bem , que a felicidade deles depende das nossas escolhas...
Não acredito que assim seja. E aí surge a impotância do conceito de participação. Mas... participar em quê ?
Quantos são os projectos que são implementados em escolas, infantários, bairros sociais, pequenas e grandes comunidades, com princípios incríveis, objectivos magníficos, missões maravilhosas, mas que no fundo ... não ouvem aquilo que de facto as crianças e jovens ambicionam ???
Quando era criança ( e ainda tento ser ) lembro - me que andava na escola e eram muitos os programas que faziam dirigidos para nós, " míudos e míudas " que lá no fundo delirávamos com tudo aquilo que nos proporcionavam, mas ... pudera, também tínhamos alguma escolha alternativa ?! Não.
Hoje esquecemo-nos que os jovens e as crianças têm e devem ter voz activa !!! Voz, nas escolhas que querem, naquilo que gostam, naquilo que preferem, naquilo que desejam, naquilo que ... por mais que seja impossível, sonham ...
A participação é um direito e um dever de qualquer pessoa. É um princípio directamente associado às sociedades democráticas, surgindo como um direito universal de todos os cidadãos, independentemente da idade, cor, credo ou condição social, devendo ser encarada como uma oportunidade efectiva e acessível a todos, e ser traduzida em diversos contextos, na vida familiar, profissional, local, associativa e política.
Contudo e apesar de ser considerada um direito universal, a prática nem sempre lhe corresponde ( como já disse acima ), verificando-se cada vez mais uma propensão das pessoas para o descomprometimento, para a desresponsabilização e para a abstenção perante tudo aquilo que as rodeia, refugiando-se na ideia comum de que ... " não vale a pena lutar, porque nada vai mudar... poque são uma minoria, vivem em locais carenciados, têm dificuldades económicas... " . Enfim, um sem número de limitações que por vezes são o reflexo da realidade, mas que não podem e sobretudo não devem ser uma barreira à participação activa na comunidade, seja ela qual fôr.
Proporcionando a participação a crianças e jovens, acredito que seja possível provocar mudanças na vida dos mesmos, através de uma maior participação destes nos projectos, que esta é considerada como um dos princípios gerais para o sucesso de qualquer projecto.
Os projectos devem promover uma cultura de participação dos destinatários na concepção, implementação e availiação das actividades realizadas reforçando assim, a sua (co)responsabilização.
É necessário exercer ( nas crianças e jovens ) o direito de cidadania activa. É necessário desenvolver metodologias participativas, de forma a que , sejam os jovens, eles próprios, e as crianças também , mentores e dinamizadores das actividades e não meros receptores.
É fulcral que estes participem ao nível do planeamento, execução e avaliação dos projectos que lhes são dirigidos. Assim, mais tarde, irão sentir fazem parte dos próprios projectos. Que lhes pertence e que as suas opiniões são importantes e tidas em consideração.
As crianças e jovens, devem sempre assumir aquilo que escolheram e fizeram, aquilo que contruíram como algo que também é seu e que assim adquirem um sentimento de pertença e de identidade, que muitas das vezes não possuem relativamente a outros contextos de vivência, provocando nestes uma maior responsabilização sobre as suas práticas, criando-se assim as condições necessárias para o seu empoderamento.
Adquirem então um maior controlo sobre as suas decisões e acções, facilitando a construção de projectos de vida mais sustentados e... participados.

A ideia é trabalhar com e não para!!!

A ideia é dar a "eles" aquilo que não tivemos.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Religião

Sempre que alguém me pergunta se acredito em Deus, para além da resposta " sim " ou " não " existe outra resposta que me vem automaticamente à cabeça, que é : " Sim mas isso tem muito que se lhe diga. Pois, eu acredito porque, ou eu não acredito porque ... " .
Falar sobre religião, fé, a força da crença, o acreditar ... tem muito que se lhe diga.
Não é de agora. Ao longo de milhares de anos, a religião tem tido um enorme e forte papel na vida dos seres humanos. Sob uma forma ou outra, a religião existe em todas as sociedades humanas conhecidas.
As sociedades mais antigas, de que apenas temos conhecimento através dos vestígios arqueológicos, mostram traços claros de símbolos e cerimónias religiosas.
Ao longo da história subsequente, a religião continuou a ser um elemento central da experiência humana, influenciando o modo como vemos e reagimos ao meio que nos rodeia.
A religião cristã por exemplo - "Se Deus Quiser..."; "Graças a Deus...", "Deus te acompanhe..."; "Deus me perdooe..." . São várias as expressões, que são usadas por muitas bocas, que entregam toda a sua confiança aquele que por motivos religiosos é o Todo Poderoso.
Contudo, a atitude religiosa e o pensamento moderno racionalista coexistem num estado incómodo de tensão. Com o aprofundar da modernidade, uma perspectiva racionalista conquistou muitos aspectos da nossa existência e parece pouco provável que a sua força venha a enfraquecer num futuro previsível...! Aliás, os tempos mudaram certo?
Mesmo assim, penso que existirão sempre reacções contra a ciência e o pensamento racionalista, pois estes permanecem ... silenciosos perante questões tão fundamentais como o significado da própria vida.
Estes temas estiveram sempre no centro da religião e alimentaram ( e alimentam ) a ideia de fé, um salto emocional para a crença.
Desta forma, até que ponto a religião e a ciência parecem contradizer-se ? Podem as duas explicar por exemplo as origens do homem ... isto é, da mesma forma ??
Penso que a religião e a ciência podem misturar-se sob formas estranhas bem como interessantes.
Porque é que a religião é um aspecto tão central na vida das sociedades humanas? Se é tão importante, como é que o seu papel está mudar nas sociedades modernas mais recentes ? Em que condições a religião une as comunidades, e em que condições as divide? Como pode a religião ter tal importância na vida dos indivíduos, a ponto de estes estarem dispostos a sacrificarem-se pelos seus ideais?
Existem tantas questões, que procuramos constantemente respostas para elas. Talvez porque, inconscientemente, precisamos de uma orientação, de um apoio, de um caminho " mais fácil " , precisamos de fé...
Acima de tudo, é importante interrogramo-nos sobre o que é a religião e tentar olhá-la nas suas diferentes formas e nas suas diferentes práticas.
Suponho que o estudo da religião represente um desafio. Um grande desafio, na medida em que coloca fortes exigências à imaginação de qualquer um de nós... . É necessário analisarmos as práticas religiosas, as crenças e os diferentes rituais que existem nas diversas culturas humanas. Temos de ser sensíveis aos ideais que inspiram convicções profundas aos crentes, e de manter simultaneamente uma visão equilibrada dos mesmos.
Temos de confrontar ideias que buscam o eterno, enquanto reconhecemos ao mesmo tempo que os grupos religiosos também promovem objectivos bastante mundanos - comos os de adquirirem recursos financeiros e seguidores.
temos de reconhecer a diversidade das crenças religiosas e dos modos de conduta, mas devemos igualmente analisar a natureza da religião como fenómeno de carácter geral.
Vivemos numa sociedade muito ligada à Igreja. Ao mesmo tempo, parece que ainda não está preparada para certas mudanças que têm surgido. O que era tabu passou a ser moda. Estamos perante uma sociedade que tanto quer chocar como quer ficar no canto.
Há quem reze todos os dias antes de ir dormir, há quem pense que amanhã é um dia como qualquer outro.
Uns acreditam outros não.
Há quem ainda se interrogue : " Então mas se " ELE " existe ... porque há guerra, porque há violência ? "
Numa era globalizada que tem uma necessidade desesperada de compreensão mútua e de diálogo, este ... fundamentalismo religioso pode ser uma força destrutiva. O fundamentalismo está vinculado à possibilidade de violência. O exemplo do fundamentalismo islâmico e cristão, os exemplos de violência inspirados na filiação religiosa... são comuns!!!
Ainda, nos últimos anos existiram alguns choques entre grupos islâmicos e cristãos no Líbano, na Indonésia e noutros países. Contudo, num mundo crescentemente cosmopolita, pessoas de tradições e crenças constantmente estão a entrar em contacto mais do que nunca. E penso que isso seja bom.
À medida que a aceitação inquestioñável das ideias tradicionais declina, somos ...obrigados a viver de um modo mais aberto e reflexivo - a discussão e os diálogos são essenciais entre as pessoas de diferentes religiões. Acreditando ou não.
A religião .. não deixa de ser o principal modo de controlar ou dissolver a violência. Ou melhor... talvez o diálogo. Mas ... será que isso é possível ? A ciência explica isso ?


O ano passado ouvi dizer que era tudo apenas, uma questão de ...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Criminalidade. Um desvio ?

Toda a gente sabe, ou pensa que sabe, quem são os indivíduos desviantes - pessoas que se recusam a viver de acordo, com as regras pelas quais se rege maioria. São criminosos violentos, drogados ou marginais, gente que não se encaixa no que a maior parte das pessoas define como padrões normais de comportamento aceitável.
Contudo, as coisas não são exactamente o que parecem. É de extrema importância começarmos a olhar para além do óbvio; evitar visões maniqueistas!
A noção de um indivíduo desviante não é exactamente fácil de definir, e entre crime e desvio não existe uma relação linear.
A vida social humana, é governada por normas e regras. As nossas actividades desmornar-se-iam se não cumpríssemos as regras que definem certos tipos de comportamento como correctos em determinados contextos e outros como inapropriados.
Agora, quando se fala em comportamento desviante, é necessário ter em conta as regras que as pessoas respeitam e aquelas que desobedecem. Ninguém quebra TODAS as regras, assim como ninguém as respeita todas. Criamos e quebramos regras. Mesmo indivíduos que podem parecer estar totalmente à margem da sociedade respeitável, seguem provavelmente as regras que eles próprios acreditam, por exemplo, os skinheads, ou os que fazem parte das claques de futebol... seguem as regras dos grupos a que pertencem.
Quem nunca ouviu dizer que a pirataria era crime ? Podemos então considerar que os piratas informáticos são... criminosos???
Os informáticos ( irei assim chamá-los ) vêem-se a si próprios como parte de uma comunidade maior comprometida com determinados princípios colectivos e com um código de honra, à partida que é suposto a ser cumprido.
Aqueles que se desviam dos códigos estritos de conduta, podem ser expulsos da comunidade.
Nada é assim tão linear. Não estou nem quero defender ninguém. Quem sou eu para ? Mas... afinal, consigo chegar à conclusão que a criminalidade é algo que remete automaticamente para a ideia de um comportamento de desvio, isto é, um comportamento desviado.
Ninguém é tão normal quanto gosta de pensar que o é.
Aquelas pessoas, cujo comportamento pode parecer estranho ou incompreenssível, podem ser vistas como seres racionais quando compreendemos porque agem desse modo.
Considero então, que um desvio, é algo que não está em conformidade com determinado conjunto de normas aceite por um número significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade. Mas..., continuo a achar que nenhuma sociedade pode ser dividida de um modo linear entre os que se desviam das normas e aqueles que estão em conformidade com elas.
Pelo que sei, a maior parte das pessoas transgride, em certas ocasiões regras de comportamento geralmente aceites. Quase toda a gente, por exemplo, já cometeu em determinada altura, actos menores de roubo, como levar alguma coisa da loja sem pagar ou apropriar - se de pequenos objectos do emprego por exemplo, utilizar papel de uma correspondência para uso privado,
a dada altura, das nossas vidas podemos ter excedido o limite de velocidade permitido, feito chamadas telefónicas de brincadeira, enfim ... existem variados e enúmeros exemplos.
Quem nunca o fez ? Quem nunca errou ? Não intressa se se arrependeu ou não! Quem nunca errou ?!? Quem nunca "fez porcaria" ? Bem ... para quem o fez então ... são altamente criminosos.
Mais uma vez, apenas se olha para o facto e não para o que está além dele. Por trás de toda essa cena existe sempre algo...
Desvio e crime não são sinónimos. Muitas vezes sobrepõem-se.
O âmbito do conceito de desvio é muito mais vasto do que o do conceito de crime ( em si ). Este último, refere-se apenas à conduta inconformista que viola uma lei.
Muitas formas de comportamento desviante não são sancionadas pela lei.
Quero entender que comportamento desviante não é ser criminoso! Esse comportamento é uma acção que transgride normas amplamente partilhadas mas que ... o que é considerado desvio pode mudar de tempos a tempos e de lugar para lugar!!! O comportamento " normal " num dado contexto ... cultural pode ser rotulado como " desviante " noutro.
Vivemos numa sociedade que tem como hobby rotular alguém que lhe pareça... diferente. Alguém que lhe pareça desviante.
Honestamente, na minha opinião, essa rotulagem irá reforçar o comportamento daquele que é visto como " diferente ".
Nenhum acto é intrinsecamente criminoso ( ou normal ).


Nunca quis ser politicamente correcta...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

{In}justiça

Tantas e tantas vezes que já ouvi dizer a Justiça é Injusta. É importante ter em conta de que tipo de justiça é que estamos a falar... Justiça social ?? Sim ... então olhando para a forma como Portugal ( enquanto país ) se desenvolve ... sim ... existe muita injustiça social. Nada de justiça...
A injustiça que quero abordar não é essa injustiça que se vê mas sim que se sente. Quem nunca a sentiu ? Quem nunca se sentiu ... injustiçado ?!
O que se sente ? Raiva ? Traição pela nossa dignidade ? Onde ir buscar a força quando nos sentimos assim ?
A revolta que nasce em nós ao nos depararmos com uma injustiça é muito grande. É dura e cruel. É o mais baixo sentimento moral humano. Por isso mesmo, ela é o mais fácil sentimento de incutir naquelas grandes massas de gente, isto é, para as mobilizar politicamente, e é normal que partidos e líderes façam dela, em seu proveito próprio, o mandamento primeiro ou único da moralidade pública, o critério e o emblema que distinguem os bons dos maus.
Mas... existem bons e maus ? Não seria mais justo sermos todos iguais ? Sermos todos tratados de igual forma ?
Vivemos numa sociedade, onde exitem diferentes valores, diferentes princípios, diferentes religiões, diferentes crenças, diferentes educações. Sim. Somos todos diferentes, mas isso faz de uns melhores ou piores do que outros ?
Temos consciência quando merecemos algo. Quando por exemplo, merecemos ser tratados de igual forma. Temos os mesmos direitos que alguém que está ... digamos... no mesmo patamar ( seja ele qual fôr ) que nós. No entanto, assim não acontece. A revolta que cresce paralisa-nos e corrompe o nosso senso moral, trocando a nossa "engenharia" de sentimentos e valores. É como um rancor padronizado que cresce ( arrisco - me mais uma vez a dizer ) em todos nós. É um reflexo condicionado, que nos leva a sentirmo-nos injustiçados sim... mas extremamente tristes.
Uns... afastam-se; isolam-se, outros perdem a auto-estima, a coragem, a vontade. No entanto, acredito que haja outros que pensem em pagar na mesma moeda. Uma espécie de vingança.
Chego à conclusão que a injustiça não deixa de ser um ciclo vicioso. " Se foste injusto, então eu também o serei mais tarde " .
Se há algo que admiro nas famílias é o equilíbrio, o equilíbrio moral. Ou seja, encarando a balança da justiça tal e qual como ela é, tem dois pratos opostos: um que assegura a justiça e outro que assegura a injustiça. Quando um sobe o outro desce, e vice-versa.
No desenvolvimento humano, os pratos do bem e do mal sobem e descem com elevada frequência. Ou seja não há um equilíbrio. Este, é apenas um instante, para reverter em uma situação oposta.
Assim, quando as famílias vão aumentado de número de parentes, vai avançando às cegas na escuridão, com pequenos vislumbres da justiça por exemplo para os seus filhos, mas no entanto devria haver um equilíbrio entre todos eles. Por exemplo: se um filho tem o outro também deveria ter mas ... tudo com seu tempo.
Esta ideia remete um bocadinho para o conceito de justiça, no entanto, as famílias só por si, por raras vezes sabem organizar-se de forma equitativa.
Poderíamos falar de vários tipos de injustiça. Ela passa por nós todos os dias, bem ao nosso lado. Muitas vezes sentimos que somos justos com algo que fizemos, mas ... até que ponto a outra pessoa não se sentiu injustiçada?
É importante termos sempre em mente os dois lados, assim como uma espécie de balança ... mas, sem nunca perdermos o equilíbrio.
Afinal de contas, o homem, enquanto ser humano social, está sempre em constante desiquilíbrio uma vez que está ( ou deveria estar ) à procura da sua equidade.

"A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar." (Martin Luther King)

"Anima-te por teres de suportar as injustiças; a verdadeira desgraça consiste em cometê-las." (Pitágoras)

"Quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado." (Platão)

"Se ages contra a justiça e eu te deixo agir, então a injustiça é minha." (Mahatma Ghandi)

sábado, 6 de setembro de 2008

Dúvida. Amiga ou Inimiga ?

Lembro-me perfeitamente quando andava na 4ª classe. Em vésperas de Testes de Avaliação os professores perguntavam: " Quem é que tem dúvidas? " Ninguém respondia. A resposta que tínhamos mediante o nosso silêncio era : " ... porque quem não estudou é quem ainda não tem dúvidas... ". Ali, naquele espaço, naquele contexto, era muito importante ter dúvidas. A dúvida mostrava que nós tínhamos estudado e até mesmo que estávamos interessados em saber o porquê, o como, o quando, onde...
A dúvida é uma incerteza. É uma suspeita de algo. Por vezes trás consigo um sentimento de medo, mas que para alguns é vista como um aviso.
Prende-nos o pensamento. Faz-nos pensar ... " e se... " ! Mas a vida não é feita de se's mas sim de factos. E um facto é que a dúvida existe constantemente nas nossas vidas. Consatantemente nas tomadas de decisões. Aquilo que realmente nos importa, pensamos provavelmente duas vezes certo? Porque o queremos mesmo mas temos medo de algo... ( a dúvida está presente ).
Eu começei a considerar a dúvida como um aviso amigável.
As escolhas que fazemos, que ambicionamos, é aquilo em que acreditamos. Aquilo que queremos. E não temos dúvidas disso...
Porque não começamos a olhar para a dúvida numa perspectiva ligeiramente diferente da que temos tido. Em vez de ser a dúvida assustadora, que traz medo e suspeitas, olharmos para esta questão como algo preventivo ou amigável ...
Penso que a mente subconsciente reside no nosso ... plexo solar, isto é , onde se carregam aqueles sentimentos... viscerais.
Quando algo acontece, assim subitamente, que sensação temos ? Susto ? Sensação no estômago ? Enfim ... é aí que recebemos e armazenamos esses sentimentos. Todas as mensagens que recebemos, tudo o que fizemos, todas as experiências, tudo o que dissemos, talvez...desde que éramos crianças, tudo... se acumulou aí nesse tal ... compartimento ao nível do plexo solar.
Sendo assim, porquê começar a encarar a dúvida como algo amigável ?
Quando pensamos ou experimentamos algo, as mensagens entram e fazemos como um arquivo de todas as nossas experiências adquiridas. Mas cada experiência, tem um lugar reservado no seu arquivo. ( A minha professora dizia que tínhamos ... gavetas no cérebro ).
Ao vivermos uma experiência surpreendentemente nova o nosso cérebro também se surpreende. Questiona-se . Duvida...
Procura onde está o arquivo para arrumar essa magnífica experiência, e não o encontra. Pergunta a si mesmo: " O que é isto ? Que experiência é esta ? Para que arquivo vai isto ? Nunca vi nada deste tipo...! "
Por isso, o cérebro chama a isso a dúvida. Da mesma maneira que quando provamos um prato diferente, com um sabor diferente, não reconhecemos. Questionamo-nos. Duvidamos...
O cérebro continua: " Dúvida! Chega aqui e vê-me isto!!! "
Assim, a dúvida chega. Pega na " experiência " e pergunta à mente consciente: " mas o que é isto ? não costumas comer isto... estás habituada a comer coisas tipicamente portuguesas e não comida mexicana com sabor picante ..."
Ao nível do consciente, o que podemos responder? Penso que de duas formas. Uma : " Ah sim ... tens razão dúvida. Vou mas é comer aquilo a que estou habituada " e aí voltamos ... aos velhos hábitos, e a continuar a arquivar sempre tudo de igual forma e no mesmo lugar. Ou podemos esclarecer a dúvida. " Não! Agora só como disto. Esta é a minha nova experiência. Sinto que quero mudar de hábitos alimentares..."
Assim, a nossa dúvida, enquanto nossa amiga, avisou-nos. Questionou. Surpreendeu-se. Duvidou. Mas quando nós já tínhamos esclarecido a nossa dúvida, as nossas novas experiências, rapidamente são arrumadas num novo arquivo. Porque a partir daí, vão entrar montes dessas experiências.
Eu aprendi a tratar a Dúvida mais como uma aliada ao meu bem-estar e não como uma inimiga que só me traz medo.
Agradeço-lhe hoje em dia por me questionar de tudo.
Duvido...


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A Bola


Seja numa relação de amizade, seja numa relação amorosa, seja numa relação a nível empresarial, numa relação familiar, o diálogo é provavelmente um dos factores mais importantes para o sucesso das mesmas. A chamada comunicação entre as pessoas é o caminho para que estas se possam entender.
Quem nunca ouviu dizer que muitas vezes "... não é o que se diz mas a forma como se diz ... " ?
Falarmos abertamente, sermos nós mesmos é o mais importante. Devemos ser transparentes quanto aquilo em que pensamos e sentimos...
Vamos imaginar que a comunicação pode ser representada por um jogo com duas pessoas e uma bola. Comunicar é como jogar.
Eu e Tu vamos jogar ao jogo da Comunicação.
Eu atiro a bola e tu apanha-la.
Depois tu atiras a bola e eu apanho-a. E outra vez eu atiro a bola.
O jogo da comunicação pode ser entendido desta forma. Mas como qualquer jogo, exitem regras. Regras que devem ser cumpridas por ambas as equipas. Na comunicação, também isso acontece.
Sendo assim, vamos pôr uma regra. Neste jogo da comunicação vamos falar sobre os nossos sentimentos. E assim começa a comunicação. Tal como precisamos de atirar a bola precisamos de falar uns aos outros dos nossos sentimentos para comunicar ( correctamente ).
Se estamos demasiado perto ou excessivamente afastados uns dos outros torna-se mais complicado atirarmos a bola de forma a que o outro a apanhe. A comunicar , acontece o mesmo. Se estivermos muito perto ou demasiado afastados dos nossos amantes ou dos nossos amigos ou de um filho ou dos nossos pais, não será fácil comunicar com eles.
A comunicação não começa com ambas as pessoas a falar ao mesmo tempo. O primeiro gesto tem de partir de uma delas. Alguém tem de atirar primeiro a bola.
Mas nós podemos não querer que sejamos os primeiros a atirar a bola - podemos querer esperar que alguém nos atire primeiro. O que acontece se formos nós os primeiros? Podemos atirar e ninguém apanhá-la... e assim ficamos infelizes. Sentimo-nos rejeitados. Acontece também atirarmos a bola e a pessoa estar demasiado ocupada para a recber. E pensamos que aquilo que dizemos não interessa. Por isso, penso que é preciso ter coragem para sermos os primeiros a atirar a bola.
Quantas vezes já lançamos a bola e a pessoa devolveu-a com um pontapé? Quantas vezes já lançamos uma bola muito rica e muito grande que nos é devolvida muito mais vazia e magrinha?
Quantas vezes transmitimos os nossos sentimenos e não os recebemos da mesma forma?
Todos nós queremos que as bolas que atiramos sejam aceites. Todos nós queremos ter alguém que ouça o que temos para dizer. Todos nós queremos que os outros saibam que nós existimos. Mas quem é que realmente está pronto a aceitar todos aqueles que querem que os outros dêem por eles?
É importante comunicar.
Se a pessoa a quem atiramos a bola com toda a nossa alma a apanhar, e se nós apanharmos a mesma bola que essa pessoa nos lançou de volta, então um acto de comunicação acontece.
Mas às vezes sentimos que a pessoa não apanhou a bola da maneira como nós queriamos que ela tivesse apanhado. A isso chama-se tentativa de comunicação, ou mesmo falha na comunicação. E quando as comunicações não concretizadas se acumulam as nossas emoções tornam-se instáveis.
Mas se a pessoa a quem atirámos a bola não a apanhou como queríamos, não a culpemos por isso. Talvez seja simplesmente porque ela não é uma boa jogadora, talvez seja só porque estava nervosa enquanto o jogo durava e a mão escorregou-lhe. Talvez... a nossa bola era demasiado pesada...
Quantas vezes o nosso patrão, os nossos pais atiraram-nos não uma só bola, mas quatro ao mesmo tempo ?? Como reagimos ? Também não conseguimos apanhá-las todas.
A nossa capacidade de comunicar pode ser avaliada pela reacção da pessoa com quem estamos a comunicar.
Comunicar é também saber ouvir.
É possível que alguém nunca tenha jogado a este jogo. Por isso, se a pessoa não souber jogar é necessário atirarmos-lhe uma bola que seja fácil de apanhar.
Agora é a tua vez de me falares dos teus sentimentos. Queres jogar ? Então atira - me a bola...