sábado, 26 de julho de 2008

Diversidade Cultural

Desde a Globalização, dia-a-dia apercebemo-nos da tão grande "pequena aldeia global" em que vivemos. As línguas cruzam-se e aprendem-se, os costumes são trocados e aperfeiçoados, os hábitos tornam-se comuns, as tradições são vividas, as religiões são descobertas... É um facto: vivemos todos num mundo só mas somos todos diferentes uns dos outros, mesmo que partilhemos das mesmas crenças.
Mesmo assim, vivendo e partilhando um mundo só, existem ainda muitas divergências que, dificilmente são aceites.
A ideia de diversidade cultural remete-nos para a ideia da existência de diferentes grupos étnicos, bem como questões relacionadas com o género, orientação sexual e ainda, na minha opinião pessoas com desvantagens físicas e mentais. Somos todos diferentes culturalmente, e não nos devemos agora, basear apenas no conceito de cultura como um conjunto de crenças e valores. Será então mais correcto falarmos em diversidade humana? Neste contexto penso que sim.
Ao falarmos de Diversidade, devemos referir não apenas grupos étnicos e suas diferenças, mas também os seus contextos bem como as suas diferenciações sociais.
O contexto social (histórico e material) mediante as diferentes culturas, molda as diferenças individuais e pode fortemente contribuir para as diferentes formas de pensar, agir, viver... dos vários grupos ou populaçoes.
Somos diferentes, está visto, e peço desculpa a minha repetição consecutiva, mas quero que a ideia de Diferença fique bem presente.
Daí, as sociedades estarem cada vez mais a tomar consciência da pluriculturalidade, ou se preferirmos...multiculturalidade. Mas ao contrário do que muitos pensam, esta tomada de consciência tem vindo cada vez mais, a despoletar incompatibilidade entre as populações bem como uma forte e elevada exclusão social. Um bom exemplo disso, é o facto da diversidade cultural muitas vezes, levar a situações duradouras de conflitos de identidades entre grupos, face a um conjunto de direitos de participação social e política, particularmente quando tem origem na existência de comunidades imigrantes.
Não irei falar da imigração, porque suponho que seja um tema por todos nós conhecido, logo, sabemos bem todos os processos que têm vindo a ser despoletados, concretamente em Portugal, devido ao mesmo.
Com isto tudo, venho tentar inserir dentro de toda esta temática o conceito de integração dentro da Diversidade Cultural, isto é, em particular, os imigrantes, sentirem que estão integrados.
Uma vez ouvi " Portugal abriu as portas a tudo e todos e agora o país está da maneira que está. É roubos, é assaltos, vandalismo...já não se está descansado desde que eles entraram e chegaram aqui... "
Acima, foram referidas diferenças ao nível da cultura, das crenças e dos valores, das religiões, etc. E mais uma vez, saliento a ideia de que somos todos diferentes. Por este lado, onde está a dificuldade de percebermos que todos nós, enquanto seres humanos diversificados, temos diferentes necessidades, diferentes ambições, diferentes opiniões, diferentes maneiras de estar na vida ? Mesmo assim, no fundo, todos queremos viver! À nossa maneira, queremos viver.
Um imigrante, que chegue a Portugal, sente grandes dificuldades de integração. Sente falta de estruturas e apoios para a sua total integração, é lhe retirado qualquer direito e uma vez que não tem ainda qualquer privilégio, muitas vezes, aqueles que chegam de fora, são postos de fora novamente, isto é, muitas vezes, são colocados em locais totalmente descentralizados, longe de tudo e todos, totalmente excluídos da sociedade. E porquê ? Por ser diferente?
O processo de integração, quer seja de imigrantes, quer seja de uma minoria étnica é sempre um processo dialógico. É sempre um processo de integração recíproca!!! Não basta "abrir-lhes as portas..." como dizia alguém. Temos que estar dispostos a abrir-lhes as portas, para que desta forma se sintam totalmente "cá dentro" bem inseridos.
Escusado será então dizer, que este processo dialógico depende da atitude da sociedade de acolhimento.
A dificuldade dos processos de integração seja de imigrantes ou de minorias étnicas, surge devido à discriminação, ao preconceito, ao etnocentrismo. Exemplos: o valor atribuído ou não à escola, à língua, à religião, a abertura ou à repressão do livre casamento das mulheres fora do grupo de origem. Enfim...culturas.
O processo dialógico em que se traduz a integração é, por isso, condicionado negativamente pelas situações de exclusão (social) vividas por imigrantes e minorias étnicas pobres.
A integração dos imigrantes e minorias étnicas tem por isso como uma condição necessária, mas não suficiente, incluir os excluídos, sem qualquer discriminação de nacionalidade ou origem étnica.
Deve haver ainda, um reconhecimento de direitos de participação social e política, que irá condicionar igualmente o modo e o alcance do processo de integração.
Tudo depende da forma como cada sociedade gere a diferença cultural. Tudo isto está fortemente ligado ao seu modo de existência colectiva, à história de cada país (não esquecendo os antepassados), à abertura ou não da sociedade a imigrantes ou minorias étnicas e ao código genético do próprio Estado.
Vamos reflectir sobre a identidade e o direito à mesma, de cada um.
É fundamental que haja e se fomente o diálogo intercultural. É fundamental que sejam seguidas políticas de inclusão, que possam desta forma, promover a colaboração e a solidariedade entre todos, independentemente da cor da pele, nacionalidade ou origem étnica. Deve-se procurar associar os imigrantes (por exemplo) à construção de uma nova identidade colectiva, através do reconhecimento de direitos à cidadania.
Assim, será possível uma boa coesão social. Assim, poder-se-ía evitar determinados conflitos entre grupos de identidade.
Devemo-nos basear em príncipios e valores humanos, que permitam aos diversos grupos encontrar e manter laços comuns, para que desta forma, possamos todos viver na nossa aldeia!

Nota: O conflito passado no Bairro Quinta da Fonte - Apelação - é um bom exemplo de um conflito entre identidades.


No fundo, só queremos todos, viver, à nossa maneira.




1 comentário:

AndreT disse...

Estou completamente sem palavras... Que fabulosa e detalhada visão da realidade em que todos nós vivemos! Não tenho mesmo mais nada a acrescentar! Beijos!