domingo, 21 de setembro de 2008

Participar precisa-se !

O conceito de participação tem vindo a ganhar cada vez mais importância nos dias que correm. Mas desde sempre que se ouviu falar na imensa força que este conceito traz consigo, seja em que âmbito fôr.
Olhando em particular para as necessidades das crianças e jovens, muitas vezes não reconhecemos quais os desejos destes. Temos a tendência de acreditar que aquilo que eles precisam ou querem é aquilo que nós já desejámos ou já quisemos ou mesmo que ainda queremos. Pensamos, por bem , que a felicidade deles depende das nossas escolhas...
Não acredito que assim seja. E aí surge a impotância do conceito de participação. Mas... participar em quê ?
Quantos são os projectos que são implementados em escolas, infantários, bairros sociais, pequenas e grandes comunidades, com princípios incríveis, objectivos magníficos, missões maravilhosas, mas que no fundo ... não ouvem aquilo que de facto as crianças e jovens ambicionam ???
Quando era criança ( e ainda tento ser ) lembro - me que andava na escola e eram muitos os programas que faziam dirigidos para nós, " míudos e míudas " que lá no fundo delirávamos com tudo aquilo que nos proporcionavam, mas ... pudera, também tínhamos alguma escolha alternativa ?! Não.
Hoje esquecemo-nos que os jovens e as crianças têm e devem ter voz activa !!! Voz, nas escolhas que querem, naquilo que gostam, naquilo que preferem, naquilo que desejam, naquilo que ... por mais que seja impossível, sonham ...
A participação é um direito e um dever de qualquer pessoa. É um princípio directamente associado às sociedades democráticas, surgindo como um direito universal de todos os cidadãos, independentemente da idade, cor, credo ou condição social, devendo ser encarada como uma oportunidade efectiva e acessível a todos, e ser traduzida em diversos contextos, na vida familiar, profissional, local, associativa e política.
Contudo e apesar de ser considerada um direito universal, a prática nem sempre lhe corresponde ( como já disse acima ), verificando-se cada vez mais uma propensão das pessoas para o descomprometimento, para a desresponsabilização e para a abstenção perante tudo aquilo que as rodeia, refugiando-se na ideia comum de que ... " não vale a pena lutar, porque nada vai mudar... poque são uma minoria, vivem em locais carenciados, têm dificuldades económicas... " . Enfim, um sem número de limitações que por vezes são o reflexo da realidade, mas que não podem e sobretudo não devem ser uma barreira à participação activa na comunidade, seja ela qual fôr.
Proporcionando a participação a crianças e jovens, acredito que seja possível provocar mudanças na vida dos mesmos, através de uma maior participação destes nos projectos, que esta é considerada como um dos princípios gerais para o sucesso de qualquer projecto.
Os projectos devem promover uma cultura de participação dos destinatários na concepção, implementação e availiação das actividades realizadas reforçando assim, a sua (co)responsabilização.
É necessário exercer ( nas crianças e jovens ) o direito de cidadania activa. É necessário desenvolver metodologias participativas, de forma a que , sejam os jovens, eles próprios, e as crianças também , mentores e dinamizadores das actividades e não meros receptores.
É fulcral que estes participem ao nível do planeamento, execução e avaliação dos projectos que lhes são dirigidos. Assim, mais tarde, irão sentir fazem parte dos próprios projectos. Que lhes pertence e que as suas opiniões são importantes e tidas em consideração.
As crianças e jovens, devem sempre assumir aquilo que escolheram e fizeram, aquilo que contruíram como algo que também é seu e que assim adquirem um sentimento de pertença e de identidade, que muitas das vezes não possuem relativamente a outros contextos de vivência, provocando nestes uma maior responsabilização sobre as suas práticas, criando-se assim as condições necessárias para o seu empoderamento.
Adquirem então um maior controlo sobre as suas decisões e acções, facilitando a construção de projectos de vida mais sustentados e... participados.

A ideia é trabalhar com e não para!!!

A ideia é dar a "eles" aquilo que não tivemos.

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