sábado, 6 de setembro de 2008

Dúvida. Amiga ou Inimiga ?

Lembro-me perfeitamente quando andava na 4ª classe. Em vésperas de Testes de Avaliação os professores perguntavam: " Quem é que tem dúvidas? " Ninguém respondia. A resposta que tínhamos mediante o nosso silêncio era : " ... porque quem não estudou é quem ainda não tem dúvidas... ". Ali, naquele espaço, naquele contexto, era muito importante ter dúvidas. A dúvida mostrava que nós tínhamos estudado e até mesmo que estávamos interessados em saber o porquê, o como, o quando, onde...
A dúvida é uma incerteza. É uma suspeita de algo. Por vezes trás consigo um sentimento de medo, mas que para alguns é vista como um aviso.
Prende-nos o pensamento. Faz-nos pensar ... " e se... " ! Mas a vida não é feita de se's mas sim de factos. E um facto é que a dúvida existe constantemente nas nossas vidas. Consatantemente nas tomadas de decisões. Aquilo que realmente nos importa, pensamos provavelmente duas vezes certo? Porque o queremos mesmo mas temos medo de algo... ( a dúvida está presente ).
Eu começei a considerar a dúvida como um aviso amigável.
As escolhas que fazemos, que ambicionamos, é aquilo em que acreditamos. Aquilo que queremos. E não temos dúvidas disso...
Porque não começamos a olhar para a dúvida numa perspectiva ligeiramente diferente da que temos tido. Em vez de ser a dúvida assustadora, que traz medo e suspeitas, olharmos para esta questão como algo preventivo ou amigável ...
Penso que a mente subconsciente reside no nosso ... plexo solar, isto é , onde se carregam aqueles sentimentos... viscerais.
Quando algo acontece, assim subitamente, que sensação temos ? Susto ? Sensação no estômago ? Enfim ... é aí que recebemos e armazenamos esses sentimentos. Todas as mensagens que recebemos, tudo o que fizemos, todas as experiências, tudo o que dissemos, talvez...desde que éramos crianças, tudo... se acumulou aí nesse tal ... compartimento ao nível do plexo solar.
Sendo assim, porquê começar a encarar a dúvida como algo amigável ?
Quando pensamos ou experimentamos algo, as mensagens entram e fazemos como um arquivo de todas as nossas experiências adquiridas. Mas cada experiência, tem um lugar reservado no seu arquivo. ( A minha professora dizia que tínhamos ... gavetas no cérebro ).
Ao vivermos uma experiência surpreendentemente nova o nosso cérebro também se surpreende. Questiona-se . Duvida...
Procura onde está o arquivo para arrumar essa magnífica experiência, e não o encontra. Pergunta a si mesmo: " O que é isto ? Que experiência é esta ? Para que arquivo vai isto ? Nunca vi nada deste tipo...! "
Por isso, o cérebro chama a isso a dúvida. Da mesma maneira que quando provamos um prato diferente, com um sabor diferente, não reconhecemos. Questionamo-nos. Duvidamos...
O cérebro continua: " Dúvida! Chega aqui e vê-me isto!!! "
Assim, a dúvida chega. Pega na " experiência " e pergunta à mente consciente: " mas o que é isto ? não costumas comer isto... estás habituada a comer coisas tipicamente portuguesas e não comida mexicana com sabor picante ..."
Ao nível do consciente, o que podemos responder? Penso que de duas formas. Uma : " Ah sim ... tens razão dúvida. Vou mas é comer aquilo a que estou habituada " e aí voltamos ... aos velhos hábitos, e a continuar a arquivar sempre tudo de igual forma e no mesmo lugar. Ou podemos esclarecer a dúvida. " Não! Agora só como disto. Esta é a minha nova experiência. Sinto que quero mudar de hábitos alimentares..."
Assim, a nossa dúvida, enquanto nossa amiga, avisou-nos. Questionou. Surpreendeu-se. Duvidou. Mas quando nós já tínhamos esclarecido a nossa dúvida, as nossas novas experiências, rapidamente são arrumadas num novo arquivo. Porque a partir daí, vão entrar montes dessas experiências.
Eu aprendi a tratar a Dúvida mais como uma aliada ao meu bem-estar e não como uma inimiga que só me traz medo.
Agradeço-lhe hoje em dia por me questionar de tudo.
Duvido...


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