quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A Bola


Seja numa relação de amizade, seja numa relação amorosa, seja numa relação a nível empresarial, numa relação familiar, o diálogo é provavelmente um dos factores mais importantes para o sucesso das mesmas. A chamada comunicação entre as pessoas é o caminho para que estas se possam entender.
Quem nunca ouviu dizer que muitas vezes "... não é o que se diz mas a forma como se diz ... " ?
Falarmos abertamente, sermos nós mesmos é o mais importante. Devemos ser transparentes quanto aquilo em que pensamos e sentimos...
Vamos imaginar que a comunicação pode ser representada por um jogo com duas pessoas e uma bola. Comunicar é como jogar.
Eu e Tu vamos jogar ao jogo da Comunicação.
Eu atiro a bola e tu apanha-la.
Depois tu atiras a bola e eu apanho-a. E outra vez eu atiro a bola.
O jogo da comunicação pode ser entendido desta forma. Mas como qualquer jogo, exitem regras. Regras que devem ser cumpridas por ambas as equipas. Na comunicação, também isso acontece.
Sendo assim, vamos pôr uma regra. Neste jogo da comunicação vamos falar sobre os nossos sentimentos. E assim começa a comunicação. Tal como precisamos de atirar a bola precisamos de falar uns aos outros dos nossos sentimentos para comunicar ( correctamente ).
Se estamos demasiado perto ou excessivamente afastados uns dos outros torna-se mais complicado atirarmos a bola de forma a que o outro a apanhe. A comunicar , acontece o mesmo. Se estivermos muito perto ou demasiado afastados dos nossos amantes ou dos nossos amigos ou de um filho ou dos nossos pais, não será fácil comunicar com eles.
A comunicação não começa com ambas as pessoas a falar ao mesmo tempo. O primeiro gesto tem de partir de uma delas. Alguém tem de atirar primeiro a bola.
Mas nós podemos não querer que sejamos os primeiros a atirar a bola - podemos querer esperar que alguém nos atire primeiro. O que acontece se formos nós os primeiros? Podemos atirar e ninguém apanhá-la... e assim ficamos infelizes. Sentimo-nos rejeitados. Acontece também atirarmos a bola e a pessoa estar demasiado ocupada para a recber. E pensamos que aquilo que dizemos não interessa. Por isso, penso que é preciso ter coragem para sermos os primeiros a atirar a bola.
Quantas vezes já lançamos a bola e a pessoa devolveu-a com um pontapé? Quantas vezes já lançamos uma bola muito rica e muito grande que nos é devolvida muito mais vazia e magrinha?
Quantas vezes transmitimos os nossos sentimenos e não os recebemos da mesma forma?
Todos nós queremos que as bolas que atiramos sejam aceites. Todos nós queremos ter alguém que ouça o que temos para dizer. Todos nós queremos que os outros saibam que nós existimos. Mas quem é que realmente está pronto a aceitar todos aqueles que querem que os outros dêem por eles?
É importante comunicar.
Se a pessoa a quem atiramos a bola com toda a nossa alma a apanhar, e se nós apanharmos a mesma bola que essa pessoa nos lançou de volta, então um acto de comunicação acontece.
Mas às vezes sentimos que a pessoa não apanhou a bola da maneira como nós queriamos que ela tivesse apanhado. A isso chama-se tentativa de comunicação, ou mesmo falha na comunicação. E quando as comunicações não concretizadas se acumulam as nossas emoções tornam-se instáveis.
Mas se a pessoa a quem atirámos a bola não a apanhou como queríamos, não a culpemos por isso. Talvez seja simplesmente porque ela não é uma boa jogadora, talvez seja só porque estava nervosa enquanto o jogo durava e a mão escorregou-lhe. Talvez... a nossa bola era demasiado pesada...
Quantas vezes o nosso patrão, os nossos pais atiraram-nos não uma só bola, mas quatro ao mesmo tempo ?? Como reagimos ? Também não conseguimos apanhá-las todas.
A nossa capacidade de comunicar pode ser avaliada pela reacção da pessoa com quem estamos a comunicar.
Comunicar é também saber ouvir.
É possível que alguém nunca tenha jogado a este jogo. Por isso, se a pessoa não souber jogar é necessário atirarmos-lhe uma bola que seja fácil de apanhar.
Agora é a tua vez de me falares dos teus sentimentos. Queres jogar ? Então atira - me a bola...

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