sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Indivíduo VS Casal

O cantor João Pedro Pais, tem uma música com o título de " Ninguém é de Ninguém ". Nessa mesma música, o cantor no refrão diz que ... " Ninguém é de Ninguém, mesmo quando se ama alguém ... Ninguém é de Ninguém, quando a vida nos contém... " .
Sou da opinião que cada música tem a sua letra, mas cada pessoa entende-a à sua maneira, isto é, numa situação única podem ( e devem ) existir várias e diversas opiniões, bem como perspectivas !!!
Sendo assim, quis pegar "neste bocadinho" de música e tentar colocar duas perspectivas relativamente aquilo a que o cantor diz.
Quando penso num casal, penso em duas pessoas, certamente. Numa relação, para que esta seja produtiva e enriquecedora, deverá haver amor de ambas as partes. Deverá haver compreensão de ambos os lados. Deverá haver também respeito mútuo e honestidade dos dois. O esforço deverá ser feito pelos dois.
Enfim, numa relação, de duas pessoas, o investimento para a mesma, é sempre a dois. Logo, a entrega é profunda para que a confiança enquanto base da relação seja extremamente forte.
Existem ainda vários casais que são capazes de afirmar que são apenas uma pessoa devido à união que têm entre os dois. Ou seja, mesmo quando se ama alguém eu sou tua e tu és meu. Somos um apenas!! Os teus problemas são os meus problemas, os meus problemas são os teus problemas. A minha cama é a tua cama, a tua cama é a minha cama. O meu dinheiro é o teu dinheiro, o teu dinheiro é o meu dinheiro.
Até que ponto, é que quando se faz parte de um casal não pertencemos ao nosso parceiro/a?
Várias vezes ouvimos " tu és meu, eu sou tua". Se a entrega que existe de cada pessoa é dedicada e única, isso não implica que um façam parte do outro ??
Nos dias de hoje, é comum ouvirmos as chamadas " relações abertas ". Relações de partilha sim, mas que um não deixa de fazer algo por causa do outro. Nessas relações abertas, está sempre presente um princípio que acho fundamental existir em qualquer relação -o princípio da individualidade.
Mesmo assim, continuuo a achar que deverá existir sempre nas nossas vidas.
Uma ideia de individualidade numa relação : " Eu amo-te, tu amas - me mas eu não deixo de ser EU e tu não deixas de ser TU enquanto pessoa. "
Esta ideia, não remete para ideia principal de não pertencermos a ninguém mesmo quando amamos, mas é fulcral para o bem estar da própria pessoa e da própria relação!
É perfeitamente natural a pessoa enquanto indivíduo único não se esqueçer da sua própria vida! Não se esqueçer daquilo em que acredita, não se esqueçer dos seus sonhos e objectivos ... não se esquecer de si mesma!
Por outro lado, essa ideia de individualidade não pode estar presente numa relação entre casais?
Penso que por norma, por exemplo, num casamento, o marido pertence à sua mulher ( porque ela o ama ) e a mulher pertence ao seu marido ( porque ele a ama ), mas mais uma vez o digo, ela não deveria deixar de ser ela e ele não deveria deixar de ser ele !
A unidade de um só casal, não deve negar a individualidade de cada pessoa. Individualidade e no fundo atrevo-me a liberdade não deve acabar pelo facto de nos unirmos a alguém e lá está, pertencermos a alguém.
Não é correcto tentarmos fazer com que o outro seja como nós. São precisamente as diferenças que poderão vir a fortalecer a relação, apesar de não concordar que os opostos se atrem, pois para que duas pessoas se entendam é necessário que haja algo em comum, se não ... chocam!
O casamento dá origem a uma nova família criando uma identidade própria articulando as individualidades.
O casamento dá origem a um sentimento de pertença mas tem de haver espaço próprio; individual! Uma espécie de fusão vs autonomia....

A música tem uma letra muito bonita, no entanto, quando amamos alguém, pertencemos a esse alguém se formos correspondidos.
De qualquer forma, não me vou esquecer de mim por te amar...

EU + TU = NÓS
NÓS = EU + TU

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